António Madeira / Vinhas Velhas
Tinto Dão 2011
13,5% Vol.
‘Come As You Are’
Quando pensamos neste vinho, pensamos na pessoa, no seu percurso, na sua geração. Inevitavelmente, até porque tem o seu nome. António Madeira, o francês luso-descendente que está a apostar na sub-região do Dão, porque acredita ser esta a zona de maior potencial para vinhos de guarda, elegantes, austeros e minerais… e porque as suas raízes familiares vêm do sopé da Serra da Estrela.
A prova que não devemos subestimar as nossas origens, e muito menos a nossa capacidade de sonhar. A par com o trabalho, claro.
Aclamado pela crítica, fruto da aposta no terroir do Dão e qualidade das suas primeiras colheitas, acresce a capacidade de levar a cabo este projecto paralelamente a uma vida normal, como a de todos os que vivem dos seus salários. Seria certamente impossível fazê-lo sem muita tenacidade, abnegação e o apoio de alguns amigos no terreno.
Imaginamos que todos os seus momentos livres serão passados a trabalhar e a delinear aquele que é o fio condutor deste projecto:
“Desde 2010, António Madeira tem vindo a pesquisar nesta sub-região do Dão os sítios que os nossos antepassados elegeram como os melhores para a vinha, aqueles que poderíamos chamar de «Grands Crus do Dão serrano». Tem assim vindo a encontrar uma série de vinhas velhas que se destacam pela genuinidade das suas castas, pelas características e nuances dos seus solos graníticos onde mergulham profundamente as suas raízes e pelas exposições solares. Entre elas, está a vinha que dá origem a este vinho. Trata-se de uma vinha com 50 anos salva do abandono.(…)2011 é a primeira colheita deste vinho que visa a divulgar o Dão Serrano e as suas castas autoctones. A filosofia de vinificação respeita as uvas, a natureza (…), focando-se na procura da expressão do terroir da Serra da Estrela. Como tal, não foi utilizado nenhum produto enológico a não ser o sulfuroso. A temperatura de fermentação foi regulada com sacos de gelo e o frio das noites serranas. Depois de prensado, o vinho passou diretamente para barricas usadas de carvalho francês, onde realizou a fermentação maloláctica até à Primavera seguinte e estagiou durante 16 meses.”
Logo no ano de 2011, que não foi fácil no Dão, arranca com este vinho que pretende ir às origens buscar os traços característicos da região e a expressão das paisagens tradicionais da serra: A terra, o floral, o vegetal, o bosque, a caruma, o pinhal, o granito, o mineral, a água a correr pelos ribeiros.
Um clássico austero, que ao mesmo tempo é cheio de frescura, juventude e vivacidade. Vai buscar à região o que de melhor ela pode oferecer, o equilíbrio, a mineralidade, o carácter e a elegância. Perfeito para acompanhar a gastronomia serrana e, se possível, guardar umas garrafas, pois terá certamente uma vida longa e auspiciosa!
Porque um vinho significa muito mais do que o líquido que se apresenta à mesa, a nossa inspiração para retratar este projecto foi toda uma GERAÇÃO – que muitos não davam nada por ela – e a música que se ouvia… GRUNGE. Um subgénero do rock alternativo que surgiu no final da década de 1980, inspirado pelo hardcore punk, pelo heavy metal e pelo indie rock, e se tornou popular devido a bandas como os Nirvana e os Pearl Jam. O termo “grunge” teve origem na palavra “grungy” (calão que em inglês quer dizer “sujo”). “Puro grunge! Puro barulho!” E apesar de ter sido originalmente usado de forma perjorativa, acabou por se tornar um dos géneros musicais mais populares dos anos 90 e marcou definitivamente a história da música. Até porque, embora a maioria das bandas grunge se tenha separado ou desaparecido no final da década de 90, a sua influência no rock moderno mantém-se.
Um som de guitarra distorcido, cru e andamentos lentos, o “pára-arranca” dos Nirvana, e a mistura entre os versos calmos e barulhentos caracteriza este género, em que as letras reflectem angústia e sarcasmo, alienação social, apatia e desejo de liberdade. Um sentimento de exaustão na cultura em geral. Tudo isto moldado por uma estética despojada, com os músicos grunge a apresentarem uma aparência desleixada e crua, em contra-rumo com a popularidade.
Um misto de nostalgia, desconforto com o sistema e oposição à banalidade e mainstream que revemos no projecto do nosso amigo António Madeira.
INFORMAÇÃO TÉCNICA:
Notas de Prova
Cor: vermelho intenso
Aroma: frutos vermelhos silvestres, vegetais, bosque, ligeiro floral
Sabor: fresco, com mineralidade, acidez e fruta viva
Final de Prova: elegante
Castas
Vinhas Velhas autoctones onde predominam Tinta Pinheira, Negro Mouro, Tinta Amarela e a Baga
Produtor
António Madeira & Quinta da Pellada
Preço: 22,40€
Nota: Garrafa oferecida e assinada pelo produtor no Simplesmente Vinho 2014 no âmbito do passatempo promovido pela organização.