É junto ao Pinhão, em pleno Douro Património Mundial da Humanidade, que encontramos a histórica Quinta de la Rosa.
Afamada produtora de vinhos do Porto e do Douro, permanece desde 1906 na posse da família de Sophia Bergqvist, que está actualmente à frente dos destinos da mesma. São 55 hectares de uma área total de beleza extrema, ideal para quem quer relaxar, desfrutando de uma privilegiada paisagem.
A família Bergqvist dedica-se também à arte de bem receber desde 1985, ano em que abriu portas ao turismo.
Após ter passado por uma remodelação recentemente, a Quinta de la Rosa, está ainda mais charmosa. Dispõe de doze quartos e quatro suites, duas casas de hóspedes independentes, duas piscinas, sala de provas e o recentemente inaugurado restaurante Cozinha da Clara.
Todos com vista para o rio Douro, claro!
Além das visitas e das provas de vinho, os hóspedes podem ainda desfrutar de experiências únicas como nadar no rio Douro, caminhar pelas vinhas, andar de barco ou de comboio num percurso à beira rio, entre a Régua e o Tua.
A sequência de um dia entre o paraíso e o Vale do Inferno.
Foi assim a nossa primeira experiência na histórica Quinta de la Rosa!
Acordar pela frescura do amanhecer, num quarto com vista sobre o rio Douro. Tomar um bucólico pequeno-almoço, num dos terraços da Quinta… em mais um momento marcado pela beleza da paisagem. Ganhar energia para uma caminhada de 20 minutos, até à vinha mais antiga da Quinta de la Rosa.
O Vale do Inferno
Foi construída antes da I Guerra Mundial pelo bisavô de Sophia, Albert Feuerheerd, e possui alguns dos mais altos muros de pedra seca em socalcos no Douro, chegando a atingir os 5 metros de altura, e tendo sido inclusivamente classificados como Património da Humanidade.
Em 2007 volta a sofrer um marco histórico de viragem, foi arrancada e plantada de novo. Naquela que se imagina uma decisão muito difícil, mas absolutamente necessária para a continuidade da mesma. A Touriga Nacional e o Sousão foram as castas escolhidas, “tudo feito com a paciência do Douro“, que já deu frutos num Vale do Inferno Reserva 2011 e agora num Vale do Inferno Grande Reserva 2014. A última colheita tinha sido em 2005, e o enólogo Jorge Moreira tenciona produzir este vinho apenas em anos verdadeiramente excepcionais.
Caminhámos por estes terraços, e o que sentimos, é que somos verdadeiramente muito pequeninos… esmagados pela paisagem e pela ideia de manutenção desta vinha, trabalhosa e histórica.
Segue-se a tradicional visita ao lagar e às caves. Ao contrário da maioria dos produtores, que tem as suas caves de armazenamento em Vila Nova de Gaia, na Quinta de la Rosa tudo é produzido no Douro, sendo possível conhecer a totalidade do processo de produção, desde as vinhas até ao engarrafamento, e mostrar também as duas produções de vinho de mesa e vinho do Porto lado a lado.
As Provas
A nova sala de provas e loja de vinhos, com uma rasgada janela sobre o rio Douro, é o melhor cartão de visita possível para quem queira conhecer a Quinta de la Rosa e os seus vinhos do Douro e Porto. Sob a batuta enológica de Jorge Moreira, a Quinta de la Rosa produz cerca de 200.000 litros de vinho do Douro e 80.000 de vinho do Porto, seguindo o método ancestral de pisa a pé em lagares de granito.
Se o leque é muito completo no que toca ao vinho do Porto é importante referir que a Quinta de la Rosa foi das primeiras a produzir os chamados vinhos de consumo.
Fomos a provas orientados por Sophia Bergqvist, que humildemente nos deu a conhecer os seus vinhos, mas deu-nos dela muito mais que isso… uma hora de aprendizagem sobre o Douro, sobre decisões importantes, sobre profissionalismo e sobre respeito pelo vinho e o seu consumidor.
“A excelência é um objectivo de quem se dedica de corpo e alma ao que faz. É este o espírito da família Bergqvist.”
O Almoço
A Quinta de la Rosa é uma “casa de família” de portas abertas ao turismo, sendo este espírito que permite programas personalizados com visita à adega, prova de vinhos e almoço.
E é assim que damos por nós a almoçar calmamente sob a eira da respectiva casa da família Bergqvist, num piquenique improvisado, onde não faltaram as tradicionais bôlas da região, as sandes, o polvo, o leite creme e as cerejas, tudo regado com bons vinhos e até a nova cerveja da casa.
Como se passa o tempo no Douro a seguir ao almoço? Mergulhamos no rio, na piscina, ou aproveitamos para uma boa sesta…
Cozinha da Clara
Até porque a noite foi de festa, com a inauguração do novo restaurante da Quinta – Cozinha da Clara. Uma homenagem à avó de Sophia, com a coordenação do chef Pedro Cardoso.
Originalmente construído para ser um armazém de vinhos, o espaço onde agora nasce o restaurante foi adaptado de forma hábil por Belém Lima. Ao utilizar matérias primas locais, como o xisto e a madeira, o arquitecto conseguiu transformar o conceito de armazém num magnífico espaço de restauração, agora ao dispor de todos.
Uma cozinha feita para acompanhar o vinho da Quinta de la Rosa, aberta aos hóspedes e a quem vem de fora.
O jovem Chef aposta nos produtos locais e sazonais, inspirado pelo património gastronómico duriense e pelo receituário da avó Clara. Aqui vamos encontrar pratos como a sopa de cebola, o tradicional cabrito assado, os milhos transmontanos, as ervilhas de quebrar, o polvo com migas ou o leite creme queimado.
Mas é também possível petiscar e saborear um copo de vinho na maravilhosa varanda que se abre com vista para o Douro.
A carta de vinhos foi desenhada pelo enólogo da casa Jorge Moreira, com destaque para os vinhos da Quinta de la Rosa, a juntar aos Passagem que Sophie e Jorge produzem na Quinta das Bandeiras, no Douro Superior, passando pelos vinhos Poeira, propriedade do enólogo.
Directamente da garrafeira privada da família, uma preciosidade não oficialmente declarada. Na altura, a Quinta não tinha produção própria e vendia as uvas à Sandeman. Mas, naquele ano, Claire guardou uma parte do vinho.
Brindemos ao final de um dia maravilhoso com La Rosa Vintage 1960, o ano de nascimento de uma grande senhora do Douro, Sophia Bergqvist.
Quinta de la Rosa
5085-215 Pinhão, Portugal
COORDENADAS GPS: N 41° 10′ 56.32” W 7° 33′ 9.111”
Nota: O património natural do Douro é suficiente para perdurar por muitos anos, mas não nos podemos esquecer do património humano. As pessoas de quem o Douro se faz.
Foi para nós um grande privilégio conhecer Sophia Bergqvist e testemunhar a cumplicidade com a sua equipa, a forma como os elogia bem como aos seus parceiros. Só um dos muitos motivos pelos quais nunca mais faltarão vinhos desta Quinta em nossa casa.
As visitas começam todos os dias às 11:30, 14:30 e 17:00 e terminam com uma prova de vinhos. Têm a duração de mais ou menos 1 hora, com um custo de €16 por pessoa (ou se quiser a visita €10 ou só a prova €10). Visitas personalizadas adicionais podem ser marcadas com a devida antecedência.
Cozinha da Clara: Almoço das 13h às 15h, jantar das 20h às 22h.