Tapada de Coelheiros
Branco Alentejo 2017
13,5% Vol.
Revivemos as memórias de uma tarde quente de Outono na Herdade de Coelheiros. Uvas e nozes colhidas, está tudo pronto para entrar numa nova estação.
De jipe, conduzidos pelo enólogo Luís Patrão, iniciamos o passeio pela propriedade, e pelo passado e futuro do universo Coelheiros.
Desde os 40 hectares de nogueiras – o pomar, que foi das primeiras plantações de nozes em escala na Península Ibérica, é hoje reconhecido pela sua produção de excelência – ao montado, à reserva natural, à barragem, e claro, às vinhas.
A Herdade de Coelheiros, localizada em Igrejinha, no concelho de Arraiolos, produz, desde 1991, alguns dos vinhos mais conceituados da região do Alentejo, a partir de vinhas abraçadas por montado, pomares de nogueiras, pinhal, olival e vida selvagem.
Neste habitat natural do vinho, expressa-se um verdadeiro mosaico de culturas, onde se celebra a heterogeneidade e a biodiversidade, ao longo de 800 hectares.
O primeiro registo da sua existência vem de 1467, e desde então podemos falar de uma verdadeira história de evolução de culturas, nem sempre todas ligadas ao vinho. É em 1887 que surgem os primeiros registos de vinhas na Herdade, embora estas não tenham perdurado.
Ao longo dos séculos, a exploração das herdades no Alentejo era concedida por arrendamento a lavradores, e foram muitas as gentes que exploraram a Herdade de Coelheiros e a habitaram, explorando culturas tão diversas como a pecuária, cortiça e cereais.
Em 1981, Joaquim e Leonilde Silveira compram a Herdade de Coelheiros e dão início a uma nova fase com a plantação da vinha e do pomar de nogueiras. As primeiras vinhas são plantadas com as castas Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Arinto, Roupeiro e Trincadeira.
A opção por castas internacionais foi uma inovação para a época e permitiu produzir vinhos de perfil diferenciador.
É produzido o primeiro Tapada de Coelheiros tinto, sob a batuta do enólogo António Saramago, e com um rótulo representativo da tradicional tapeçaria de Arraiolos.
Em 2015 inicia-se um novo capítulo na história de Coelheiros, quando o casal Alberto Weisser e Gabriela Mascioli se apaixona pela diversidade de culturas da herdade e adquire a propriedade, onde passa a residir.
Luís Patrão é convidado a assumir a enologia e viticultura da Herdade de Coelheiros. É nesta altura que se reduzem a três as referências da casa – ficam apenas o Coelheiros, o Tapada de Coelheiros, e o Vinha do Taco, nos tintos.
2017 marca o lançamento da nova imagem de Coelheiros, mantendo a ligação ao território bem como às suas origens e tradições.
Inspirada na arte do bordado de Arraiolos, evoca a singularidade de cada parcela e casta, e a forma como são minuciosamente trabalhadas.
Ventos de Mudança…
Atualmente, a área de vinha em Coelheiros, dividida em 9 parcelas, é de 50 hectares, representando apenas 6% da área total da Herdade, não deixando, contudo, de ser principal foco de todas as atenções.
Entre as suas principais características estão a grande amplitude de exposição solar e as diferentes altitudes, solos, castas e culturas adjacentes, o que lhe confere uma diversidade tal que cada vinha apresenta o seu terroir inimitável.
Hoje mantém-se e cuida-se do Cabernet Sauvignon com muito cuidado, mas outras castas foram arrancadas, incluíndo o famoso Chardonnay que caracterizou a casa, focando-se o projeto exclusivamente nas castas autóctones.
Em 2015, Coelheiros iniciou um rigoroso processo de conversão para Agricultura Biológica, incluindo também várias experiências em Biodinâmico e a realização de enxertias e replantações para castas melhor daptadas ao clima e maioritariamente portuguesas.
Com esta lógica de produção, em conjunto com a harmonia entre as diferentes culturas, Coelheiros impacta positivamente a cultura da vinha, permitindo que esta se autorregule, cada vez com menos intervenção externa.
É esta a filosofia dos novos “guardiões” do terroir de excelência da propriedade, que pretendem respeitar a história mas também a natureza, com a criação de vinhos que revelam um lado fresco do Alentejo, elegância e potencial de envelhecimento.
Acabaríamos o dia na casa de refeições do outrora pavilhão de caça, o Taco, com vista sobre a vinha com o mesmo nome, numa verdadeira prova de terroir.
Naturalmente, num ameno dia de sol alentejano, escolhemos um belo branco para acompanhar o final da nossa visita.
O Tapada de Coelheiros é produzido apenas em anos de qualidade excecional, e é já uma referência da região do Alentejo.
Feito a partir de Arinto e Roupeiro, provenientes da Vinha da Sobreira, uma vinha de sequeiro com um coração de montado, de onde são produzidas uvas que normalmente sofrem maturações lentas, tardias e muito consistentes, o Tapada de Coelheiros Branco foi produzido pela primeira vez em 1995 sendo reconhecido, desde então, pela sua elegância, untuosidade e capacidade de envelhecimento.
A colheita de 2017, da qual foram produzidas apenas cinco mil garrafas, evidencia no nariz uma componente floral a lembrar camomila, tília e fruta branca envolvida em apontamentos de menta.
Apresenta uma boa dimensão de boca e uma acidez vibrante. Momentos que recordamos já com muita saudade…
INFORMAÇÃO TÉCNICA:
Notas de Prova
Cor: amarelo citrino
Aroma: notas de camomila, tília e fruta branca
Sabor: boa estrutura e dimensão de boca, com acidez vibrante
Final de Prova: longo e persistente
Castas
Arinto (50%) e Roupeiro (50%)
Enologia
Luís Patrão
Produtor
Coelheiros
Preço: 30,00€